LI E GOSTEI! 24/25

 


2024/2025

Os Lusíadas para gente nova”, dVasco Graça Moura


Recentemente estive a ler o livro “Os Lusíadas para gente nova”, do escritor Vasco Graça Moura, publicado pela editora Gradiva. O autor pensou este livro para simplificar a linguagem e o conteúdo da versão original, procurando adaptá-la às pessoas mais novas que têm curiosidade de ler. Contudo, não deixou de respeitar o canto original do livro “Os Lusíadas”.

Este livro está dividido em 10 “cantos” e cada um deles fala sobre as aventuras de Luís de Camões e a embarcação de Vasco da Gama. E agora vou falar um pouco sobre este livro, começando pelo início.

“Sabemos Muito Pouco de Camões” é o título do texto introdutório deste livro, que apresenta o assunto e a forma da obra, dividida em Cantos, explica o sentido de epopeia, o uso da mitologia, a influência das obras clássicas e refere que não conhecemos muito bem Camões, pois nada sabemos sobre os seus estudos, a data do seu nascimento ainda se discute, bem como vários outros aspetos da sua vida.

            No “Canto Primeiro”, é narrado que os marinheiros portugueses, com tudo já preparado, partiram por mares nunca antes navegados, passando por terras desconhecidas e, em guerras e perigos, lá vai Vasco da Gama a navegar com seus companheiros, com o objectivo de chegarem á Índia por mar. Surpreendidos com este acontecimento, os Deuses reúnem-se no Olimpo, para resolverem problemas futuros, pois preocupa-os a nova expedição dos Portugueses. Na reunião, uns são a favor dos portugueses; outros são contra, pois tinham medo que os portugueses conseguissem muito poder. Como a maioria concordou, os marinheiros prosseguiram viagem. Quando chegaram perto de Moçambique, terra que eles desconheciam, viram que era habitada e decidiram ficar lá...  Se quiserem saber mais, têm de ler este livro.

De todos os Cantos, aquele de que mais gostei foi o “Canto Sexto”, pois conta-nos que, apesar de os Deuses lançarem uma tempestade tenebrosa contra os portugueses, estes chegaram à Índia. Depois de muito sofrimento, cansaço e tragédias, os corajosos marinheiros conseguiram alcançar o seu objetivo.

Vou transcrever uma expressão de que gostei:
“- Pois vens ver os segredos escondidos da natureza e do húmido elemento, a nenhum grande humano concedidos, sabe que haveis de ter o sofrimento das vidas e os navios já perdidos por causa deste grande atrevimento: Naufrágios, perdições de toda a sorte, que o menor mal de todos seja a morte!”. Esta passagem diz-nos como o Adamastor e várias pessoas faziam várias profecias sobre o Cabo das Tormentas, ameaçando que todos os que ousassem passar por aquele sítio, por serem muito fortes e corajosos, seriam castigados por sua audácia.
        Nesta obra, abundam recursos expressivos, que muito enriquecem e embelezam a linguagem e nos obrigam a refletir sobre a sua expressividade.
        No “Canto Sexto” existe uma história sobre os “Os Doze de Inglaterra”, que fala sobre doze nobres ingleses que teriam ofendido doze damas inglesas. Depois do ocorrido, as doze damas tentaram pedir ajuda a suas famílias e amigos, mas todos recusaram. Por isso, pediram auxílio ao Duque, que já conhecia o Rei João I, para as ajudar a resolver este problema, então, D. João indicou-lhes 12 cavaleiros que podiam protegê-las... e, agora, o que irá acontecer? Deixo-vos o desafio de descobrirem.
        Com este livro, fiquei a saber mais sobre as aventuras de Vasco da Gama, os perigos que passaram e sobre a obra grandiosa de Luís de Camões. Também adquiri conhecimentos sobre a mitologia grega, que achei muito interessante.

  Lara Filipa Leitão Morgado, 9ºD

13/01/2025 

“Esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes 


“Esteiros” é o título de um dos melhores romances portugueses que alguma vez existiu. Publicado em 1941 e escrito por Soeiro Pereira Gomes, retrata a vida dos meninos que têm de se tornar homens antes do tempo.

Tem como local as margens do rio Tejo e são várias as personagens. A história é dividida em quatro partes ou, neste caso, quatro estações: outono, inverno, primavera e verão. Cada estação significa uma mudança de situação.

A primeira estação é o outono, altura em que a ação gira à volta de uma feira e do dia de Todos os Santos. Aqui, vê-se bem como as personagens têm uma boa relação umas com as outras, como convivem e como é a sua vida económica, não muito boa, por sinal.

Assim, passamos para a segunda estação, o inverno. Este foi o tempo mais complicado, pois, sem trabalho e com o frio, era a época mais difícil para as pessoas. Para piorar, vieram as cheias e faleceram bastantes cidadãos.

Acabado o frio, veio a terceira estação, a primavera. Voltava tudo ao trabalho e tentava-se recuperar das cheias e das mortes de amigos e familiares.

Iniciamos, por fim, o verão. Neste capítulo, é relatada a duríssima vida das personagens na fábrica de telhas.

No final, há uma reviravolta e um dos rapazes é preso. Para o soltarem, o mais novo deles todos vai à procura do seu pai por achar que ele consegue ajudar.

Esta história permite ao leitor refletir sobre os tempos antigos e sobre todos os meninos que precisaram de começar a trabalhar muito cedo, não tendo tido oportunidade de gozar a infância.

Neste livro, existem vários excertos marcantes, mas o meu preferido é o final da obra: “[…] e mandar para a escola aquela malta dos telhais, moços que parecem homens e nunca foram meninos.” Esta frase é muito importante, pois dá a entender que o livro não fala só das suas personagens, mas sim de todos os meninos que, na altura, não o puderam ser de verdade.

                                                                                                                       Carolina Silva Ribeiro, 10.º F

6/1/2025

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Contos Exemplares – O Jantar do Bispo

    
      “Jantar do Bispo”, uma narrativa que faz parte do livro “Contos exemplares”, de Sophia de Mello Breyner, tem como personagem central um homem muito rico que morava numa casa grande e opulenta, na aldeia de Varzim. A família deste homem, o Dono da Casa, sempre fora a mais rica e prestigiada da aldeia, por isso este estava habituado a ser o mais poderoso, alguém que ninguém ousava contrariar.

Mas surgiu um problema para este homem: chegou à aldeia um novo padre, jovem e com as roupas rasgadas, que tinha largado a riqueza para morar naquele sítio. Varzim sempre fora uma aldeia muito pobre, mas este padre não aceitava esta condição como os outros, que nada faziam para a melhorar, ele dava a sua comida aos leprosos e o seu dinheiro aos velhos pobres, vivia de nada e dava o seu pouco aos outros.

O problema era que o novo Padre de Varzim apontava o dedo ao Dono da Casa, um homem tão rico que não fazia nada para melhorar a situação daquelas pessoas, não dava esmolas nem comida, guardando tudo só para ele.

O Dono da Casa não estava habituado a lutar, apenas a mandar e, como não queria perder o seu poder para tamanha pessoa, um novo padre, decidiu fazer um jantar na sua casa, convidar o Bispo para lhe falar sobre o Padre de Varzim e pedir que o mudasse de freguesia.

Por outro lado, o Bispo só tinha aceitado aquele convite para pedir ao Dono da Casa 100 contos, com o fim de restaurar o teto de uma linda igreja, mesmo estando um pouco apreensivo devido à avultada quantia. O Bispo chegou à imponente casa e, enquanto cumprimentava o Dono da Casa, ouviu-se um grande estrondo lá fora. Um carro tinha batido no portão e dele saiu um homem grande e imponente, que foi convidado a jantar devido à chuvada que se aproximava.

Como será que o jantar vai correr? E a conversa entre o Dono da Casa e o Bispo?

Apesar de este conto ter uma moral que requer algum esforço de compreensão e de ser necessária muita atenção para o ler, eu gostei muito de o explorar e refletir sobre a sua pertinente mensagem. Este livro está repleto de expressões de uma ironia única, com o objetivo de criticar a sociedade em que vivemos, como o pensamento do dono da Casa em relação ao seu problema com o padre: “Não estava habituado a lutar, estava só habituado a mandar. Outros por ele tinham lutado e vencido.”. Isto mostra-nos que o Dono da Casa tentava convencer-se de que era demasiado poderoso para confrontar o padre, mas, na verdade, ele achava que os outros tinham de resolver as suas desavenças, dado o seu poderoso capital. Considerava que tinha a vida feita e sem preocupações porque era importante, por isso é que marcou o jantar com o Bispo, para este resolver o seu problema.

Este conto transmite uma crítica social, salientando o abuso do poder, a exploração dos mais fracos pelos mais poderosos, o egocentrismo e a desumanidade, bem como a luta entre o bem e o mal.

A literatura, muitas vezes, procura desempenhar um papel interventivo na sociedade, no sentido de a melhorar.

Maria Leonor Lopes, 9.º C


“Contos exemplares” – “O Jantar do Bispo”

     “Jantar do Bispo”, a story included in the book Contos Exemplares, by Sophia de Mello Breyner, is about a very rich man who lived in a big and luxurious house in a village called Varzim. This man´s family had always been the richest and most important family in the village, so he, known as “Dono da Casa”, was used to being the most powerful man, someone no one dared to cross.

     However, one day, a new and young Father arrived in the village. This man had left his old and luxurious life to live in the poor village. No one had ever really done anything to help the residents of Varzim, but this Father, who used to wear torn clothes, was always giving food and money to sick or elderly people. He didn´t keep anything for himself, giving everything he had to those who needed it more.

     The problem was that this new Father was constantly blaming “Dono da Casa” for the situation of the village, saying that he was a wealthy man who had never done anything to help even one single person. Instead, he kept all his money for himself.

     “Dono da Casa” didn´t know how to respond or argue with the Father because he wasn’t used to such confrontations. He always got what he wanted, so he decided to invite the Bishop to dinner. His plan was to discuss the new Father with the Bishop and ask him to transfer the Father to another village.

     The Bishop accepted the invitation but only because he intended to ask “Dono da Casa” for a large sum of money - 100 “contos” - to fix the roof of a beautiful church. Suddenly, just as the Bishop arrived and greeted “Dono da Casa” in front of his grand house, a car crashed right into the house’s gate. A mysterious man came out of the vehicle. As it started to rain, the man was invited to stay and join the dinner.

     How will the dinner unfold? What will happen in the conversation between “Dono da Casa” and the Bishop?

     I really enjoyed reading this book, even though the moral of the story is a bit hard to understand. It is full of ironic expressions, aiming to critique the society we live in.  Through the thoughts of “Dono da Casa” regarding his conflict with the new Father - “He wasn´t used to fighting, only to asking others to do it for him” – the story shows us how “Dono da Casa” was always trying to convince himself of his superiority. He believed he was too powerful to argue with the Father, when the truth was that he expected others to solve his problems for him simply because he was the richest. He thought his life couldn’t have any problems, which is why he asked the Bishop to dinner - to talk to him so that the man could solve his problem.

     This story is a social critique, exposing the power and egocentrism that most rich people have in their interactions with the poor.

     Sophia de Mello Breyner shows us that literature often seeks to play an interventionist role in society, aiming to improve it.

 

(abridged and adapted)

Maria Leonor Lopes, 9º. C